quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ligação do filme “ Sinas do Futuro” com o Determinismo e Numerologia ; e as Profecias de Nostradamus com a Liberdade

Quando uma cápsula do tempo é aberta na escola do filho, o professor depara-se com um estranho mapa numérico. Descodificado com uma imensidão de números, este mapa mostra profecias assustadoras: são datas de cada uma das maiores catástrofes globais dos últimos 50 anos, como terramotos, incêndios e tsunamis, tudo em perfeita sequência. Podemos considerar que este filme é mais um que trata do mesmo final, o fim do mundo, mas o filme tem outra face, onde revela o seu lado determinista. Todos os acontecimentos pensados por Lucinda que mais tarde aconteceram poderão ser chamados de puro determinismo científico. O Determinismo aqui surge com diferentes argumentos consoante o considerarmos do ponto de vista científico ou do ponto de vista filosófico, mas estamos mais perante de um determinismo científico, este que defende que todos os fenómenos ou acontecimentos podem ser explicados racionalmente de acordo com leis perfeitamente definidas. Desde que se conheçam os antecedentes, isto é, os acontecimentos passados, é possível prever os consequentes, ou seja, os acontecimentos futuros. Desde que se conheçam as causas, posso indicar os efeitos. O determinismo científico vê o ser humano como fenómeno integrante do Universo e apresenta duas formas diferentes para explicar: enquanto animal, o ser humano está dependente das suas características biológicas predeterminadas pelo seu património genético, isto é, está sujeito a um determinismo biológico; enquanto ser social, o ser humano está submetido ao determinismo social, isto é, às pressões do meio, aos valores, hábitos, crenças, etc., que vai assimilando pelo processo de socialização. Meros reflexos da educação, as nossas escolhas e acções não são verdadeiramente livres e pessoais. Numerologia é o estudo das influências e qualidades místicas dos números. Segundo a numerologia, cada número ou valor numérico é dotado de uma vibração ou essência individual e indicaria tendências de acontecimentos ou de personalidade, apesar de não haver qualquer evidência científica de que os números apresentem tais propriedades, tal como Lucinda e Caleb quando escreviam todos aqueles números.


O fim do mundo segundo Nostradamus indicaria o final do mundo nas proximidades do ano 2000, ante semelhante ameaça, se acreditamos nos profetas, somente nos resta uma opção: esperar. Naturalmente nem todos os acontecimentos segundo este coincidem na data, mas poderia ser dito que uns e outros se referem a um período de uns cinquenta anos que, na história da humanidade, não deixa de ser uma minúcia. Trata-se, como não, das profecias, vidências e textos sagrados que procedentes de todas as culturas vêem fixar o fim do mundo em torno do segundo milénio da nossa era. Segundo Nostradamus a nossa humanidade tem um início e um fim, logo uma Liberdade limitada e não infinita. Podemos tentar definir liberdade como a capacidade de o agente (enquanto sujeito dotado de consciência, vontade e racionalidade), sem qualquer tipo de coacção, se determinar mediante as escolhas que faz. Porém esta nunca seria uma definição correcta, uma vez que a liberdade é a afirmação da pessoa, vive-se, não se vê. E quem a vive é um ser condicionado, situado num espaço e num tempo próprios, num mundo de valores e significados. Por isso, a liberdade humana não é absoluta e incondicionada, ela exerce-se dentro de um campo real de possibilidades do sujeito. O facto de conhecermos bem as nossas possibilidades e limites permite que possamos fazer um bom uso da nossa liberdade.



/Afonso Santos


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