sexta-feira, 5 de março de 2010

Principio da Responsabilidade

Hans Jonas


São duas grandes razões que levam Jonas a propor uma nova ética da responsabilidade. Em primeiro lugar a propensão utópica que ele vê nas acções levadas a cabo pela técnica moderna, quer quando esta trabalha sobre a natureza não humana quer sobre a natureza humana, propensão essa que estaria inclusivamente a reduzir a tradicional distância entre questões quotidianas e questões extremas ou entre ocasiões que exigem a vulgar prudência e ocasiões que pedem uma profunda reflexão e sabedoria. De facto, mergulhados num clima de utopismo indesejado e automático, vemo-nos confrontados com alternativas cuja escolha, diz Jonas, requer uma suprema sabedoria, situação que se torna impossível para o homem em geral que não possui tal sabedoria e, principalmente, para o homem contemporâneo que, como se sabe, nega o próprio objecto do saber, isto é, o valor objectivo, a verdade. Jonas não resiste mesmo a assinalar esta suprema contradição: "é quando menos acreditamos na sabedoria que mais dela precisamos"


Em segundo lugar, na medida em que a nova natureza do nosso agir passou a estar directamente relacionada com o raio de alcance dos novos poderes de que passamos a dispor e com o longo prazo dos seus possíveis efeitos, é agora necessário que o homem assuma uma humildade distinta da que antes existia, ou seja, uma humildade já não em face da pequenez de outrora, mas da excessiva magnitude do nosso actual poder que pode ser avaliada em função da enorme diferença que passou a existir entre o nosso real poder de agir e o nosso poder de prever e de ajuizar. Então, perante as amplas possibilidades dos novos processos técnicos, a ignorância das implicações últimas, em si mesma obviamente temível, torna-se ela própria numa razão essencial para que se use sempre de um comedimento responsável nesta matéria e abre o caminho para aquilo a que Jonas chama a heurística do temor.








André Moreira, nº4 10ºC

P.t.t.

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