segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Intercâmbio na Alemanha.

Faz hoje seis meses que habito esta pequena casa na Alemanha, partilho-a com uma família que não é a minha mas que me acolheu calorosamente neste longo ano de intercâmbio. O meu sonho sempre foi conhecer um país frio e hoje aqui estou eu, perante a grande janela que ilumina o meu quarto. Estamos em pleno inverno e este mostrasse muito rigoroso, está a nevar há mais de duas horas e mesmo assim ainda existem pessoas corajosas que brincam na neve fria, talvez seja do hábito ou apenas prazer.
Enfio as minhas luvas, um casaco que de tão grosso me corta quase todos os movimentos e um gorro que me foi oferecido quando aqui cheguei. As minhas galochas fazem um barulho estranho enquanto eu caminho até à porta de saída, apago a única luz acesa da casa e abandono-a. O frio causa um pequeno choque em mim, que depois de alguns passos vai passando.
Em algumas das ruas torna-se impossível de caminhar, as pessoas são tantas que os milhares de encontrões são inevitáveis. A Alemanha é o país com mais população da União Europeia.
Passo por um casal, que em Portugal estaria a ser julgado por todos os que passassem por ele. Dois homens que passeiam apaixonadamente pelo meio das pessoas, manifestam o seu amor perante todos e ninguém solta um olhar de discriminação, melhor dizendo, nem reparam. Tanto a homossexualidade como o casamento homossexual são aceites e tolerados pela sociedade. Uma coisa que também me espantou foi o facto destes casais puderam adoptarem crianças biológicas de um do parceiro (adopção por enteado).
 Esta sociedade também é muito aberta, moderna e cosmopolita. Vejo algumas pessoas, que tal como eu não são deste país. A Alemanha permite a emigração e, por isso, existe um grande pluralismo de estilos de vida e diversidade etnocultural.
Depois de todo este tempo ainda não me habituei a estas avenidas cheias de lojas com preços e roupas tentadoras, roupas que eu imagino a viverem no meu humilde guarda-roupa. As avenidas são dotadas com muitos caixotes de lixo, por consequente da grande consciência ecologia dos alemães e da sua compreensão sofre o facto de o Homem ser o principal culpado de toda a poluição.
Entro numa loja, aqui dentro está bem mais quente que lá fora. As minhas mãos começam a queixar-se da súbita mudança de temperatura, bem como a ponta do meu nariz. Vejo muitas mães com as filhas a fazerem um programa familiar, algumas nem chegam a comprar nada, apenas o fazem para passarem mais tempo juntas. A família é o valor mais importante para a sociedade alemã, um valor que foi há muito perdido em Portugal. A forma como os jovens portugueses tratam os pais chega muitas vezes a ser catastrófica, assim como a forma como os pais tratam os filhos.
Volto a sair da loja, a rua está agora ainda mais cheia. Toco em quase todas as pessoas que passam por mim, elas pedem gentilmente desculpa na sua língua, uma língua que provoca sempre um sorriso em mim. Pessoas com os seus habituais quase dois metros, que me deixam escondida bem cá em baixo.
Corto para uma rua bem menos usada, passo pela minha humilde escola e sorrio, amanhã lá estarei. Meia ensonada e a tremer de frio, mas contente.
A maior diferença entre Portugal e a Alemanha é o ensino. Até os adolescentes terminarem o ensino básico as coisas são idênticas, depois mudam. No ensino secundário existem quatro escolas baseadas nas habilidades do aluno que vão ser ditadas pelo professor. Existe o Gymnasium, para os mais dotados e estes são preparadas para o ensino universitário, a Realschule que tens várias ofertas para estudantes intermédios, a Hauptschule que prepara o aluno para uma escola profissionalizante e também a Gesamtschule que junta os três caminhos.
Não me arrependo de ter escolhido este país para o meu ano de intercâmbio, é lindo, com e sem neve, e tive uma calorosa recepção aqui.


Sem comentários:

Enviar um comentário